Por João Paulo Reis
Para falar do sexto episódio da temporada
de Revenge preciso falar um pouco do
que faz a serie parecer uma novela. E engana-se quem acredita que sejam as
atuações, a trilha incidental ou mesmo a velha e manjada luta de classes. Já pensaram
em como as novelas são construídas? São dramas comuns acerca da condição
humana: dramas familiares, dramas que são basicamente sobre relacionamentos o
que é a base de todo conflito. E é esse relacionamento que Emily afirma que morre logo no off de abertura. E ela tem
razão, todo relacionamento da forma como é concebido tende a morrer, se
modificar, se adaptar, se solidificar ou até se dissolver meio às tribulações
da vida e/ou outros propósitos.
Foi devido à outros propósitos que Emily
pede a Nolan que dê um fim em seu recém iniciado relacionamento com Patrick,
não somente porque ela teme a tudo o que ele representa mas também pela
segurança de Nolan. Desde o início da
série eu venho batendo o pé que o problema de Emily é sua falta de clareza de
intenções sobretudo entre seus aliados. O episódio resolveu apostar em 3
enredos sendo contados, então vamos à eles:
Existe uma máxima que diz que a dor
modifica o ser humano - vale a leitura do texto “A Pipoca” de Rubem Alves – e o
faz diferente do que era. Somos tão moldados pela dor quanto pela educação que
recebemos de nossos pais e esse é o caso de Charlotte, que após tantos
problemas adolescentes comuns e até bobos vem ganhando mais peso nas mãos dos
roteiristas. Ela definitivamente não está satisfeita com o casamento de Daniel
e Emily mas diferente de Victoria ela prefere jogar de forma quase silenciosa,
afinal ela ainda é para todos, a menininha sofrida da família. Foi dela o plano
para atrair Daniel até a padaria em que trabalha Sara, a ex-namorada que ele
atropelou anos atrás. Sara não guardou apenas más recordações por ter ficado
anos sem andar, ela guardou mágoas de Daniel pela falta de apoio financeiro, e
ela expõe isso aos gritos da forma mais clara. Ela se sente apenas mais um
degrau na escada que está levando Daniel à fama e ao sucesso. O rapaz então vai
em busca do acordo realizado entre seus pais e a moça, e descobre que ela
realmente fora enganada pelos advogados da família Grayson e que foi um jeito
sujo de fazer com que os Graysons pagassem apenas pelas despesas médicas, o que
não envolvia fisioterapia ou medicamentos que ela necessitava. Mas onde
Charlotte entra nisso? Na manipulação, algo que está tanto em seu sangue quanto
na sua educação, afinal ela sempre observou a mãe. O plano orquestrado quase
com maestria foi feito sob medida para tirar de Sara um emprego na padaria onde
trabalhava e oferecer à ela um emprego no Stoaway. Fazendo isso, ela pode
reaproximar Sara e Daniel, (já que a moça ainda sente algo por ele) e fazer com
que o casamento dele com Emily não aconteça. Como todo relacionamento se
transforma como escrevi acima, o de Charlotte e Emily parece cada vez mais
distante, mas creio que os tempos de vilania de Charlotte podem acabar quando
ela descobrir que a vizinha do lado é na verdade sua irmã.
Ainda na onda dos relacionamentos
modificados tivemos a amizade de Nolan e Jack que praticamente conduziram o
episódio numa explosão de verdades. Ao contar para Jack o seu envolvimento com
Patrick, Nolan ouviu do amigo que se afastasse dele afinal ele havia tentado
matar Conrad, algo que anteriormente Emily não havia mencionado. Quando digo
que existe em Nolan uma identificação enorme com o público da série, não estou
falando sobre a homossexualidade nem sobre dinheiro e sim sobre seus valores
morais. Qual de nós deixaria um amigo sofrer a ser completamente honesto? Nolan
carrega em si um pouco das atitudes que todos tomariam (Para quem assistiu The O.C., por exemplo, é fácil criar
identificação imediata com o personagem Seth Cohen pelos mesmos motivos).
Assim, Nolan conta para Jack toda a verdade acerca de Emily/ Amanda. O texto
dessa sequência foi muito bonito, fazendo Nolan abdicar de um amor em busca do
que é “certo”. Como Chartlotte sempre será uma ótima moeda de troca para
Conrad, lá foi Jack providenciar que ele tomasse conhecimento sobre quem
realmente tentou matá-lo. Tenho pra mim que Patrick ainda volta antes do fim da
temporada afinal vale lembrar que agora ele tem a galeria de arte em seu nome.
O terceiro entrecho do episódio envolveu a
venda da mansão Grayson que continua dando despesas que a família não consegue
pagar. O que me chamou a atenção na história foi a discussão de Emily e Aiden
no início do episódio onde de forma quase surreal eles debatiam sobre quem
precisariam destruir para que a venda da casa não acontecesse e a família
continuasse nos Hamptons até o casamento. Verdadeiramente horripilante que eles
pensem em destruir pessoas “inocentes” como a corretora que estava “apenas”
fazendo seu trabalho. Com a armação de Emily com relação à comissão costeira
que previu que o mar está engolindo as casas, Conrad perdeu a venda e quando
Victoria estava prestes a se mudar, Emily e Aiden resolveram usar a medida mais
desesperada até então: devolver os 10 milhões roubados na segunda temporada mas
em barras de ouro (que não valem mais que dinheiro #chatiado) para que Conrad e
Victoria percam tempo contando e dividindo a fortuna.
Foi de cortar o coração a cena entre Nolan
e Emily porque como ele mesmo citou, ele só quis a amizade o tempo todo, e tudo
o que fez foi para manter-se próximo à pessoas que ama. Excelente interpretação
do Gabriel Mann que conseguiu ir da raiva à comoção lindamente.
Quanto ao plano de Emily de “morrer” para
incriminar Victoria não sei o que dizer, pois era algo que eu nunca poderia
imaginar.
OBS: Quem no mundo faria uma lua de mel em família gente? Será que os Graysons não desconfiaram disso não?
OBS: Quem no mundo faria uma lua de mel em família gente? Será que os Graysons não desconfiaram disso não?
Adorei o texto. Particularmente, achei esse o episódio mais confuso da temporada. Não gostei do fim do relacionamento de Nolan e Patty (sim, eu posso chamá-lo de Patty). Aquele final com a Emily dizendo que iria "se matar" foi terrível para mim, que sempre desejei que ela vivesse feliz para sempre com a irmãzinha no final. É lógico que isso deverá acontecer porque com certeza, os planos dela não darão certo e porque eu quero que seja assim! Kkkkkkkkk! Até mais, JP! =P
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