[REVIEW] Revenge – 3x06 – Dissolution




Para falar do sexto episódio da temporada de Revenge preciso falar um pouco do que faz a serie parecer uma novela. E engana-se quem acredita que sejam as atuações, a trilha incidental ou mesmo a velha e manjada luta de classes. Já pensaram em como as novelas são construídas? São dramas comuns acerca da condição humana: dramas familiares, dramas que são basicamente sobre relacionamentos o que é a base de todo conflito. E é esse relacionamento que Emily afirma  que morre logo no off de abertura. E ela tem razão, todo relacionamento da forma como é concebido tende a morrer, se modificar, se adaptar, se solidificar ou até se dissolver meio às tribulações da vida e/ou outros propósitos.

Foi devido à outros propósitos que Emily pede a Nolan que dê um fim em seu recém iniciado relacionamento com Patrick, não somente porque ela teme a tudo o que ele representa mas também pela segurança de Nolan.  Desde o início da série eu venho batendo o pé que o problema de Emily é sua falta de clareza de intenções sobretudo entre seus aliados. O episódio resolveu apostar em 3 enredos sendo contados, então vamos à eles:

Existe uma máxima que diz que a dor modifica o ser humano - vale a leitura do texto “A Pipoca” de Rubem Alves – e o faz diferente do que era. Somos tão moldados pela dor quanto pela educação que recebemos de nossos pais e esse é o caso de Charlotte, que após tantos problemas adolescentes comuns e até bobos vem ganhando mais peso nas mãos dos roteiristas. Ela definitivamente não está satisfeita com o casamento de Daniel e Emily mas diferente de Victoria ela prefere jogar de forma quase silenciosa, afinal ela ainda é para todos, a menininha sofrida da família. Foi dela o plano para atrair Daniel até a padaria em que trabalha Sara, a ex-namorada que ele atropelou anos atrás. Sara não guardou apenas más recordações por ter ficado anos sem andar, ela guardou mágoas de Daniel pela falta de apoio financeiro, e ela expõe isso aos gritos da forma mais clara. Ela se sente apenas mais um degrau na escada que está levando Daniel à fama e ao sucesso. O rapaz então vai em busca do acordo realizado entre seus pais e a moça, e descobre que ela realmente fora enganada pelos advogados da família Grayson e que foi um jeito sujo de fazer com que os Graysons pagassem apenas pelas despesas médicas, o que não envolvia fisioterapia ou medicamentos que ela necessitava. Mas onde Charlotte entra nisso? Na manipulação, algo que está tanto em seu sangue quanto na sua educação, afinal ela sempre observou a mãe. O plano orquestrado quase com maestria foi feito sob medida para tirar de Sara um emprego na padaria onde trabalhava e oferecer à ela um emprego no Stoaway. Fazendo isso, ela pode reaproximar Sara e Daniel, (já que a moça ainda sente algo por ele) e fazer com que o casamento dele com Emily não aconteça. Como todo relacionamento se transforma como escrevi acima, o de Charlotte e Emily parece cada vez mais distante, mas creio que os tempos de vilania de Charlotte podem acabar quando ela descobrir que a vizinha do lado é na verdade sua irmã.



Ainda na onda dos relacionamentos modificados tivemos a amizade de Nolan e Jack que praticamente conduziram o episódio numa explosão de verdades. Ao contar para Jack o seu envolvimento com Patrick, Nolan ouviu do amigo que se afastasse dele afinal ele havia tentado matar Conrad, algo que anteriormente Emily não havia mencionado. Quando digo que existe em Nolan uma identificação enorme com o público da série, não estou falando sobre a homossexualidade nem sobre dinheiro e sim sobre seus valores morais. Qual de nós deixaria um amigo sofrer a ser completamente honesto? Nolan carrega em si um pouco das atitudes que todos tomariam (Para quem assistiu The O.C., por exemplo, é fácil criar identificação imediata com o personagem Seth Cohen pelos mesmos motivos). Assim, Nolan conta para Jack toda a verdade acerca de Emily/ Amanda. O texto dessa sequência foi muito bonito, fazendo Nolan abdicar de um amor em busca do que é “certo”. Como Chartlotte sempre será uma ótima moeda de troca para Conrad, lá foi Jack providenciar que ele tomasse conhecimento sobre quem realmente tentou matá-lo. Tenho pra mim que Patrick ainda volta antes do fim da temporada afinal vale lembrar que agora ele tem a galeria de arte em seu nome.

O terceiro entrecho do episódio envolveu a venda da mansão Grayson que continua dando despesas que a família não consegue pagar. O que me chamou a atenção na história foi a discussão de Emily e Aiden no início do episódio onde de forma quase surreal eles debatiam sobre quem precisariam destruir para que a venda da casa não acontecesse e a família continuasse nos Hamptons até o casamento. Verdadeiramente horripilante que eles pensem em destruir pessoas “inocentes” como a corretora que estava “apenas” fazendo seu trabalho. Com a armação de Emily com relação à comissão costeira que previu que o mar está engolindo as casas, Conrad perdeu a venda e quando Victoria estava prestes a se mudar, Emily e Aiden resolveram usar a medida mais desesperada até então: devolver os 10 milhões roubados na segunda temporada mas em barras de ouro (que não valem mais que dinheiro #chatiado) para que Conrad e Victoria percam tempo contando e dividindo a fortuna.

Foi de cortar o coração a cena entre Nolan e Emily porque como ele mesmo citou, ele só quis a amizade o tempo todo, e tudo o que fez foi para manter-se próximo à pessoas que ama. Excelente interpretação do Gabriel Mann que conseguiu ir da raiva à comoção lindamente.

Quanto ao plano de Emily de “morrer” para incriminar Victoria não sei o que dizer, pois era algo que eu nunca poderia imaginar.

OBS: Quem no mundo faria uma lua de mel em família gente? Será que os Graysons não desconfiaram disso não?

Um comentário:

  1. Adorei o texto. Particularmente, achei esse o episódio mais confuso da temporada. Não gostei do fim do relacionamento de Nolan e Patty (sim, eu posso chamá-lo de Patty). Aquele final com a Emily dizendo que iria "se matar" foi terrível para mim, que sempre desejei que ela vivesse feliz para sempre com a irmãzinha no final. É lógico que isso deverá acontecer porque com certeza, os planos dela não darão certo e porque eu quero que seja assim! Kkkkkkkkk! Até mais, JP! =P

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